quarta-feira, 22 de abril de 2009

Kleiton Lima no Comendo Bola

Enviado pelo Repórter Virtual Hilti de Jales - SP



Durante a Guerra Fria, em 1954, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas criou um serviço de espionagem para fazer frente ao arquirrival político Estados Unidos e manter a soberania da URSS contra o capitalismo: a KGB. No entanto, 40 anos depois e desmantelada a União Soviética, uma contra-espionagem se voltou contra a maior província da extinta república, e em pleno solo norte-americano.

Mas, neste caso, a pauta não era política, econômia ou ideologia. O objetivo era manter a soberania do futebol brasileiro. E deu mais do que certo: a seleção canarinho retornou dos Estados Unidos com a Copa do Mundo de 1994. E esse serviço secreto ajudou o agente Kleiton Lima a iniciar a carreira de técnico. Da seleção brasileira. Feminina.

Kleiton Lima foi nomeado em março para o cargo de treinador da seleção feminina de futebol, assumindo o posto deixado por Jorge Barcellos após as Olimpíadas de Pequim, em agosto de 2008. Vencedor da Copa do Brasil pelo Santos e então comandante do time sub-20 do Brasil, o espião fará sua estreia no novo cargo nesta quarta-feira, em amistoso contra a Alemanha, em Frankfurt. No sábado, o compromisso será em Gotemburgo, contra a Suécia.

Mas a história deste paulista de 34 anos, nascido em Santos, começou a ter destaque mesmo na Califórnia. Em 1994, quando defendia o San Francisco All Blacks, a Rússia realizava a reta final de treinamentos para a Copa do Mundo na mesma cidade californiana.

O técnico Pavel Sadyrin, na época, não foi nada modesto ao declarar que venceria o Brasil na estreia da competição. Fechou treinos, proibiu acesso à imprensa... tudo para organizar jogadas ensaiadas de Dmitri Kuznetsov com o atacante Oleg Salemko e vencer Carlos Alberto Parreira. Quase tudo perfeito. Não fosse Kleiton Lima.
O jogador brasileiro foi selecionado para compor o time russo em treinamentos e ainda serviu de 'sparring' em amistosos contra os russos. Entregou a Parreira um relatório das principais jogadas dos eslavos de Sadyrin e viu o Brasil vencer a partida de estreia na Copa por 2 a 0, gols de Romário e Raí.

Mas Kleiton é mais do que versátil. Após conviver com o time feminino do clube de San Francisco, tomou gosto pela modalidade e acabou se tornando técnico. Santista de coração, comandou o Peixe por 12 anos e até fez um bico como Baleião, mascote do clube praiano, em partida pela Copa Libertadores de 2007. Mas persistia o sonho de assumir a seleção brasileira feminina.

A primeira chance como representante do time verde-amarelo veio em 2008, quando assumiu a seleção sub-20 das meninas do Brasil. No mesmo ano, conquistou o Campeonato Sul-americano da categoria e, no Mundial, terminou na quinta colocação. Agora, ganhou a chance no time principal. E não tem pretensão de usar a seleção como ponte para o futebol masculino.

Antes da estreia no comando da seleção, Kleiton concedeu esta entrevista exclusiva à reportagem da Gazeta Esportiva.Net. Falou sobre as expectativas no cargo, o trabalho que já fez com as meninas do Peixe e o que pode fazer pelo futebol feminino brasileiro. A começar nesta quarta-feira.

Confira a entrevista:

Gazeta Esportiva.Net: Como foi seu início no futebol?
Kleiton Lima: Fui jogador do Santos nas categorias de base durante um período grande. Depois me profissionalizei pelo Comercial de Ribeirão Preto e fui jogar na primeira Liga Profissional nos Estados Unidos em 1994, no San Francisco All Blacks.

E foi lá que você trabalhou até de espião, não?
Kleiton: Foi uma situação engraçada, até. A Rússia foi treinar em San Francisco conosco. Fazíamos sparring para eles em jogos-treinos e fui escolhido para completar o elenco da Rússia em treinamentos. Aí acabei passando as informações para a comissão técnica do Brasil, pois a seleção tinha espiões para observar Camarões (Jairzinho), Suécia (Júnior)... mas na Rússia não tinha ninguém. Eu via jogadas ensaiadas e eles não sabiam que eu era brasileiro. Então, fiz um relatório do treino deles e passei para a seleção. Foi inusitado, mas marcou minha carreira.

Como foi a entrega deste dossiê ao Parreira? E não houve uma represália dos russos?
Kleiton: Foram os repórteres brasileiros que me descobriram, tentando cobrir os treinos da Rússia. Eles me apresentaram para a comissão técnica, almocei com Parreira e Zagallo e expliquei as jogadas ensaiadas. Foi um voluntariado, na verdade. Não recebi dinheiro para isso. E sobre os russos, cara, eles só souberam depois. A imprensa russa acabou sabendo disso e depois do jogo ficou noticiando que tinha um espião no treinamento. Mas já tinha acontecido.

Esse acontecimento te influenciou a ser técnico?
Kleiton: Na verdade, não. Comecei a ter muito contato com o futebol feminino, pois as meninas do San Francisco treinavam logo antes de nós e eu passei a me interessar. Não tinha nada do tipo no Brasil e lá a estrutura era muito grande.

E no Santos, como foi seu início?
Kleiton: Estou desde 1997. Comandei o primeiro time feminino naquela ocasião, no Campeonato Paulista - na época chamado de Paulistana - e fui vice-campeão. Comecei a fazer a divulgação do torneio realizando peneiras. Foi um ano importante, o surgimento do futebol profissional feminino em São Paulo, com apoio de times grandes como São Paulo, Corinthians, Portuguesa. Foi um trabalho pioneiro e desde então não saí mais.

E dessas peneiras, quem você já revelou?
Kleiton: Tem a Rosana (lateral-esquerda), que começou comigo na minha escolinha... a Renata Costa (zagueira)... Tivemos bastante projeção principalmente nessas duas.

Você já era técnico da seleção sub-20 feminina. Como foi esse convite para assumir o time principal?
Kleiton: A diretoria da CBF teve uma reunião para definir os objetivos de 2009. Havia essa lacuna. Quem me ligou foi o Américo Faria fazendo convite. Mas a decisão foi tomada em conjunto, entre ele, o Paulo Dutra e o Ricardo Teixeira. E agradeço muito a confiança que depositaram em mim.

O que você pretende utilizar da base que já foi deixada pelo Barcellos?
Kleiton: Quero aproveitar o máximo possível aquilo que foi deixado pelo Jorge. Foi um trabalho espetacular que ele fez, o Brasil chegou às decisões de Mundial, Jogos Olímpicos... mas vou implantar também a minha filosofia, um projeto gradual de renovação, também. Mas isso vai ser algo natural.

Você tem mantido contado com o Jorge Barcellos? E com o René Simões, que dirigiu a seleção feminina até as Olimpíadas de 2004?
Kleiton: Tenho menos contato com o René, mas conversei com ele durante o Mundial Sub-20 e ganhei muito apoio. Já com o Jorge o contato é mais próximo, a gente sempre conversou demais principalmente sobre todas as atletas individualmente.

Você assume uma seleção duas vezes vice-campeã olímpica e segunda do Mundial. Teme alguma pressão?
Kleiton: Em qualquer categoria que você estiver na seleção brasileira, cara, vai haver pressão. Não é uma cobrança de torcida ou dirigentes, mas uma responsabilidade enorme. Todo mundo espera muito do Brasil, mas prometo que não vai faltar dedicação, amor à camisa e futebol bonito por parte das meninas. Elas sentem esse amor de carregar o nosso povo nas costas. Mas também não estou saindo do nada para este cargo. Apesar de eu ter 34 anos, estou há 15 no futebol feminino, 12 em um grande clube e também fui técnico da sub-20 feminina.

De quanto tempo é o seu contrato?
Kleiton: Então, na verdade não há esse compromisso. Vamos fazer um trabalho por etapas. Temos Sul-americano, Pan-americano, Mundial... e o primeiro passo é reconstruir o trabalho que foi parado depois das Olimpíadas.

GE.Net: Seria um ciclo olímpico, então?
Kleiton: É, imagino que sim. Mas não tem nada estipulado.

Você pretende contratar algum psicólogo para as meninas? Depois da final das Olimpíadas, a Marta chegou a falar que havia um bloqueio mental no time brasileiro em horas de decisão.
Kleiton: Não posso falar ainda se vou contratar psicólogo porque falta muito tempo para essas competições. Sei que elas estão muito maduras, mas por enquanto quero conhecer bem de perto cada jogadora, saber os problemas que elas levam para o campo, pois isso dá uma instabilidade.

Você já pensou na hipótese de trazer a seleção para jogar aqui no País com Marta, Cristiane, Daniela Alves e lotar estádios, assim como na final do Pan?
Kleiton: Sem dúvida. Foi uma sugestão que eu já dei para a CBF. Seria muito importante esse contato mais próximo do público brasileiro com as jogadoras, até para não deixar a lâmpada se apagar.

E uma liga profissional e forte aqui no Brasil também não ajudaria isso?
Kleiton: Acho que sim. Precisamos de atletas de peso para ter o apoio da mídia e atrair torcedores. Só que, antes, precisamos de alguém que pense nisso, que coloque esse projeto em prática. O Brasil tem esse potencial. Claro que não vai ser a mesma coisa que no masculino, mas poderia estimular muitas jogadoras aqui.

Você acredita que essa visibilidade como técnico da seleção brasileira feminina pode te levar a despertar interesse de clubes para comandar o time masculino?
Kleiton: Olha, eu já cheguei a ser preparador físico do infantil do Santos numa época em que não havia futebol feminino aqui e trabalhei com Robinho, Diego... mas o masculino não é meu foco. Não tenho nenhuma pretensão de sair da categoria feminina. Dediquei 15 anos da minha vida a isso. Sou um dos poucos que seguiu no futebol feminino, persisti apesar das muitas adversidades.

Você continua também no Santos como técnico. Como fará para conciliar esses dois empregos?
Kleiton: Tenho uma comissão técnica muito forte aqui no Santos. Então, quando eu estiver viajando ou a serviço da seleção, meus auxiliares tomarão conta do Peixe. O meu foco é o time do Brasil, mas posso lidar numa boa com esses dois cargos.

2 comentários:

  1. Bom quem me conhece sabe que eu não preciso dizer nada sobre o Kleiton e seleção feminina.
    Quero deixar aqui meus sinceros e saudosos parabêns pela convocação do Kleiton para liderar e treinar a seleção brasileira feminina.
    Sabemos que isso tudo é fruto do seu exemplar trabalho com as sereias da vila.
    O Senhor é tremendo e sabemos que isso tudo aconteceu por que o Pai assim permitiu.
    Sem mais delongas abraço para o Kleiton, para a seleção brasileria feminina e todos aqueles que amam e representam o futebol feminino por esse planeta.
    Rs...
    Beijos para todos da Rádio,
    Parabêns feliz niver pro Fernando, q Deus te abençoe grandemente.
    ILOVE YOU FÊ!..RS..
    Bjos galera skype,
    bjo lulu e bolinhas...
    fui God Bless!

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  2. O Senhor honra os filhos q ama!!
    kleiton tem sido mto abençoado por Deus.Faz um otimo trabalho com as sereias da vila,e fará um belo trabalho agora com a seleção brasileira feminina..
    é nosso espião esta com diamantes nas maos..

    Que brilharam MTOOOOOOOO mais!!

    VAmos meninas,agora sob nova direção O futebol feminino conquistará cada vez mais seu espaço!!!
    Eh tdo de vcs!!!!!!!!
    SOh vai dar Brasillll

    bJOS a tdos..
    E queo deixar meus PARABNS pro fanfarrao Fernando Mello,que tirou uma folguinha neh
    QUE O SENHOR continue te abençoando FÊ,cada dia mais.Amo vc FÊ!!MEu futuro colega de sk8 de dedo ahsuhasuahu

    Bjo pessoal do skype,do chat,clubes em geral E pRos CRUZEIRENSES!!!

    GOD BLESS

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